A mobilidade das pessoas tem sido parte constitutiva das realidades sociais, culturais e políticas da América Latina em sua articulação com os processos globais. Durante vários séculos a região foi um destino importante para várias populações africanas, europeias e asiáticas. Então, a partir da década de 1960, ocorreram importantes migrações Sul-Norte que aprofundaram a natureza emissora da região. No entanto, nos últimos dez anos ocorreram mudanças importantes tanto no volume quanto na dinâmica migratória latino-americana que apontam para uma profunda transformação do cenário migratório. Por um lado, há um crescimento vertiginoso da migração forçada em um contexto de aprofundamento da violência social, das crises ambientais e da crescente precariedade dos meios de subsistência em nossas cidades e territórios, agravados pela pandemia. Por outro lado, há uma tendência cada vez mais crescente de respostas estatais baseadas na restrição da mobilidade das pessoas e no controle de fronteiras que constituem um retrocesso diante dos processos de integração regional. Por fim, assistimos ao crescimento exponencial em toda a região da xenofobia social e institucional que levou a surtos de violência social e sentimentos de rejeição à população estrangeira, constituindo mais um eixo de aprofundamento das múltiplas desigualdades que compõem nossa região.
O eixo “Migrações, mobilidade e refúgio” do congresso FLACSO 2022 se constrói como um espaço de discussão do novo momento migratório que a região vive em sua relação com processos históricos anteriores. O eixo será um espaço de debate sobre movimentos migratórios contemporâneos, diásporas, estratégias de vida e resistência da população migrante, o papel dos Estados e das políticas migratórias e a nova convivência multicultural e identitária e busca promover o encontro de pesquisadores e pesquisadores de diversas disciplinas em torno dos principais desafios apresentados pelas mobilidades para o fortalecimento dos direitos do cidadão e da mudança social.
Subtópicos
- Perspectivas feministas interseccionais sobre os processos migratórios.
- Racismo e migrações.
- Processos de coexistência/processos de exclusão.
- Migrações, refúgio e mercados de trabalho.
- Governança global das populações migrantes e refugiadas e processo de integração regional.
- Processos de resistência e luta migrante.
- Reflexões epistemológicas e desafios metodológicos no estudo das migrações, refúgio e mobilidades.
Comitê Científico
- Ana María Sosa González (Uruguai).
- Gioconda Herrera (Equador).
- Delia Dutra (Uruguai).
- Valeria España (Uruguai).
- Rodolfo Casillas R (México).
- Rolando Sierra (Honduras).